Outro dia, estava eu passando pelo Rio Vermelho, um bairro boêmio de Salvador, quando vi uma obra do artista plástico Bel Borba. Dois orixás, abençoando os passantes do largo. Junto a estas encontramos muitas outras obras do artista espalhadas por Salvador, a maioria nos seus muros e encostas. São mosaicos que Bel, artista de rua, espalha pela cidade estreitando a ligação entre a arte e o público.
Pois bem, as gaivotas, os morcegos e os dinossauros que Bel Borba espalhou em Salvador, me fizeram ver como diferentes peças, sobre um plano, podem dar forma a alguma novidade, ou mostrar de um modo diverso algo já conhecido. Acredito ser esta a beleza e função da arte musiva: na sua complexidade e formosura, que remonta à região mesopotâmica e ao período do Antigo Egito, humanizar o espaço que nos envolve.
Aliás, é um pouco o destino de toda expressão artística, não é?! Numa recusa à nossa biologicidade mais selvagem, nós, seres humanos, transformamos a natureza e traduzimos o que existe de mais profundo em nossa alma, produzindo a cultura.
As manifestações culturais, estes mundos que imaginamos e construímos como diz o sábio Rubem Alves, conseguem dizer das coisas mais profundas de nossa existência. A poesia, a literatura, a pintura, a música, o cinema, as conquistas da ciência, a fé e muitas outras realidades são verdadeiros lugares de conexão entre as diferentes pedras preciosas, vidros e espelhos com que construímos e com os quais ornamos esta matéria prima que é a nossa vida.
As obras de Bel Borba também me inspiraram a confeccionar um mosaico um pouco diverso do que conhecemos, um mosaico cultural neste espaço que é a internet. Um encontro de diferentes temáticas, onde nem um nem outro assunto serão vistos isoladamente, mas numa composição e arranjo, formando, assim, um verdadeiro mosaico cultural. É aqui que nos encontraremos de agora em diante, conto com o seu acesso e sugestão.